31 março 2011

Sempre x Nunca

"Onde estiver espero que esteja feliz
Encontre seu caminho
Guarde o que foi bom, jogue fora o que restou (...)"

Ela jamais se esqueceria dessas palavras, escritas num bilhete encontrado, colado no espelho do quarto.
Um bilhete de despedida.
Uma despedida de até nunca mais.
Nunca mais é muito tempo, tal como sempre.
Ela sempre achara que ele sempre estaria á sua espera, fosse onde fosse, custasse o que custasse.
Confiara demais no sempre e agora era obrigada a conviver com o nunca mais.
Sempre e nunca, palavras opostas, antônimos, mas só na gramática, pois na realidade ambas significam a mesma coisa: Tempo Demais.

29 março 2011

O Verde Deixou de Ser Esperança

Ando pela casa. Sozinha. Vazia. Assim como eu.
Casa coisa está no seu devido lugar. Mas existem falhas. Faltas. Faltam coisas.
Faltam os teus tênis espalhados pela casa, falta a tua t-shirt suada jogada na minha colcha novinha. Falta, também, o barulho, a zoada da televisão e o tec-tec irritante do ventilador.
E são tantas as coisas em falta. E é o mais importante que faz a casa parecer grande, solitária, sozinha, vazia. Tu.
Por onde andas? O que fazes? Quando voltas? Será que voltas?
Levaste o calor e o aconchego. As cores perderam o brilho. O laranja, o amarelo, o vermelho e o verde, tornaram-se cinzas.
A nossa casa transformou-se num mar de preto e branco.
As cores já mais não fazem diferença. O laranja perdeu o calor de outrora, o amarelo deixou de brilhar, o vermelho deixou de irradiar paixão e o verde... ai o verde... o verde deixou de ser esperança.

14 março 2011

Utópicamente Falando

Amanhã!
Amanhã vai ser o dia. O dia em que vou olhar pra ti e deixar que todo o sentimento transborde. Olhar nos teus olhos e perder-me no enigma que é ser o outro.
Como será ser você? Como será a sensação de ser o outro que não eu?
Sensações e sentidos diferentes!
Se pudessemos ser o outro ou, quem sabe, por pouco tempo, ser e vivenciar as experiencias do outro, talvez fossemos mais tolerantes na "arte" de julgar ou de criar um pré-conceito.
Mas se fossemos o outro, mesmo que por pouco tempo, deixaríamos de ser nós. Esqueceríamos de quem somos e da nossa individualidade? Ou levaríamos para o "novo corpo" as sensações intrínsecas do nosso individualismo?
Essa troca seria deveras "encabulante", pois além de deixarmos parte da nossa individualidade no outro, também traríamos parte das suas sensações para a nossa própria individualidade.
Possibilidades? Ou pura utopia?

10 março 2011

Damas da Noite

Passando pela Raimundo Girão, por volta das 11:00 da noite, o que mais se vê, são as chamadas (ironicamente) de "damas da noite".
Mulheres da vida, cada uma com histórias de vida diferentes e propósitos, igualmente, diferentes.
Corpos semi-nus, onde o pudor deixou de existir ao primeiro abrir de pernas.
Mini-saias ou shorts que mais parecem cintos, deixam as pernas á mostra. Algumas finas, outras grossas e outras, até, gostosas.Mas na grande maioria, na parte detrás do joelho, nas veias visíveis a olho nu, dezenas de pontos vermelhos. Picadas, muitas picadas.
É... a promiscuidade do corpo se atrela á necessidade de anestesiar a mente.

03 março 2011

O Meu Amor Perdido

Vou sair por aí. Sair pela rua em busca do meu amor perdido. Vou procurar pelas calçadas e até mesmo pelos bueiros. A chuva pode tê-lo levado daqui. De perto de mim.
Vou sair em busca do meu amor. Desse amor que passou e deixou para trás somente recordações e, quiçá, saudade.
Saudade suficiente que me faz buscar também debaixo da ponte e no meio do lamaçal feito pela chuva.
Busco nas ruelas perdidas da cidade, nas calçadas brilhantes, lavadas pela chuva; busco, inclusive, na minha sombra, por baixo dos meus pés, com medo de ter, sem querer, machucado o meu amor.
É quando cai a noite na cidade, que me vejo em ruelas desconhecidas, perdida de mim mesma.
Em busca do meu amor me perdi de mim. Me esqueci de quem sou, na ânsia de encontrar esse "algo" que sumiu. Que sumiu de dentro de mim, que nem fumaça.
Em mim só ficaram recordações, e perdido com o tempo, se perdeu o meu amor. Do nosso amor, só sobrou a saudade de um tempo que passou.

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