17 outubro 2008

Confusão que remete a ilusão

Ela acorda de manhã. Faz as tarefas rotineiras e sai. Vai para casa dos pais, e lá encontra também os irmãos. Todos parecem muito preocupados com ela, e cheios de atenção.
Estranheza.
Fuga.
Apanha um táxi vai pra casa do melhor amigo, o único que, a seu ver, conhece-a melhor do que ela mesma, capaz de explicar o que se passa.
- Ele já cá não está. Já cá não mora. Mudou faz tempo.
Confusão.
Como assim já cá não mora? Se ainda ontem aqui estive?
Ela sai do prédio e olha em volta.
É o mesmo prédio decrépito de sempre, a mesma rua, o mesmo bairro velho. No entanto... Que merda é esta?
Volta para casa a medo. Será que ainda é a casa dela?
Alívio.
A porteira cumprimenta-a com satisfação e um misto de pena. Pena?? Porquê, raios partam?
Ao entrar em casa o telefone toca.
Ela atende e ouve uma voz conhecida:
- Já chegaste em casa? Chegaste bem? Precisas de alguma coisa?
A mãe. Preocupada.
Mas que raio de tamanha preocupação é esta?? Perguntas, perguntas, milhões delas.
Confusão.
- Vou aí de novo. Beijo, ciao.
Desliga.
Desliza pela parede até ficar de cócoras e tenta colocar a cabeça em ordem.
E de repente os olhos começam a mover-se pela sala.
O sofá mudou de lugar sozinho? Onde estão as minhas plantas? O telefone sempre foi vermelho? Tantas cartas!! Porquê?
Que desarrumação é esta?
Ainda mais confusa, ela sai de casa.
Sai em busca de respostas e encontra-as com a mãe.
- Tiveste uma crise depressiva e tentaste suicidar-te. Ficaste em coma por dois anos.
Dois anos, pensa incrédula.
Dois anos perdidos.
- Preciso ficar só.
Abraçam-se. Ela sai.
Andando, o véu da memória cai e lembra-se.
Uma noite de amor.
Um preservativo encontrado no banheiro.
Discussão. Palavras ásperas. Acusações.
Feridas abertas e escarafunchadas.
Chorando sangue, respirando dor...
Desânimo.
Lembrança do alívio que sentiu após ter tomado a decisão.
O rio. A ponte. Tão fácil!
Voltou a sentir a luxúria e a lascívia no momento em que lhe pareceu ouvir promessas de amor feitas pelo rio.
Voltou a ter sensação do corpo leve, tão leve. O vento por todos os lados.
E caiu. Caiu na imensidão do abismo.

[continua (ou não) quem sabe um dia]

08 outubro 2008

TUDO

Todo amor verdadeiro

Une em um só corpo dois seres através do

Dom e o

Otimismo de existir dias sempre melhores!



Obs: dito por alguém que depois de tantos desencontros, encontrou enfim o amor verdadeiro...

Este foi um comentário deixado no post NADA (29/09), por Jaque Amorim, e não resisti a postar no blog... e me levou a pensar que dependendo da sua foça de vontade e firmeza, a maneira de como você vê a vida pode ir ou pró lado positivo (como é este caso) ou pró lado negativo (como foi o meu caso)...

Cada um faz as suas próprias escolhas, na maneira de encarar a vida.

Indivíduo

Um olhar doce, próprio de quem ainda se consegue lembrar da alegria de ser criança, e no entanto, bastam dois dedos de conversa para se reconhecer a versatilidade de alguém que parece conhecer o mundo e ter vivico experiências próprias de se tornarem lições de vida.
Jeito muleque.
Um ar de pessoa muito acertada... será mesmo? Ou será medo de cometer algum deslize?

Mistério.

Enigma.

Dualidade.

Versatilidade.

Ar de uma criança-homem.

Convicção nos ideais ou serão ideias pré-concebidas pela moralidade social? Enigma.

Requer análise. Reflexão.

Remete a confusão. Ilusão.

Um ser não ser.

Me lembro agora do cógito de Descartes: "Penso, logo existo", independentemente da raça, religião ou opção sexual, o indivíduo será sempre um indivíduo, produto do meio, produto da consciência coletiva, tentado ou não fugir dos padrões sociais.

Passivo? Activo?

Aceitando qualquer parada sem discutir, ou querendo saber os motivos, argumentado e/ou impondo-se? Qual a opção? Ser mais um, ou "o um" que faz a diferença?

05 outubro 2008

ROUBO

Ao ver o filme “O Caçador de Pipas” achei interessante o facto do pai dos dois protagonistas ver o roubo como o pior pecado e condená-lo.

Vendo pelo prisma e pelas argumentações (deveras convincentes), ele tem razão, mesmo quando remete ao roubo, o assassinato. Tudo gira á volta do roubo.

O assassinato é privar o indivíduo de algo que lhe é legítimo: a vida; é privar a mulher do seu marido; é privar aos filhos da alegria que é ter um pai; é privar a sociedade de um ser humano.

Mas olhando por outro prisma: e um indivíduo que rouba para se alimentar? Para alimentar a sua família? Que rouba para sobreviver? Poderá ser igualmente condenável?

Ainda outro prisma: um indivídua, sem necessidade alguma, que rouba pelo simples "prazer" de roubar? Que rouba "para subir na vida"? Que rouba para vender? Qual a sua sanção?

Outro prisma: o que é a cleptomania? Doença incontrolável que leva o indivíduo a realizar pequenos furtos, "sem importância", e sem ter a noção do que faz? Também condenável?

Aparentemente sim; mas a sentença varia conforme o vigor de um advogado de defesa e da bondade/compreensão de um juíz.

Outro assunto abordado pelo filme é o adultério. Abordado de uma forma curta mas violenta. O adultério é visto pela sociedade muçulmana como pecado gravíssimo, condenável pela sociedade e punido com apedrejamento.

Muito embora a condenação e a punição sejam imputadas apenas á mulher adúltera e não ao homem, que lhe é permitido ter até quatro mulheres e um numero indefinido das chamadas comcubinas, numa linguagem mais rude, "amantes oficiais" (?!).

Outros gostos.
Outras culturas.
Outra sociedade.

A sociedade é produto dos indivíduos, eles ditam as leis, hábitos e costumes, mas no entanto, são esses mesmos indivíduos que acabam ficando presos a essas mesmas leis, privados do livre-arbítrio, privados do poder de escolha.

As opções acabam sendo ditadas pela sociedade, seguindo os padrões e estereótipos sociais. A escolha de algo não-padronizado socialmente, acaba sendo, nada mais, do que uma tentativa de ser diferente. Essa escolha é vista, pela sociedade como um acto de rebeldia ou, quem sabe, de anarquismo.

O homem é produto do meio. Nada mais certo. O que para uns é considerado algo normal, para outros é considerado bárbaro, condenável...

03 outubro 2008

Agressividade

Todos os seres humanos trazem consigo um impulso agressivo. A agressividade é um comportamento emocional que faz parte da afetividade de todas as pessoas. Portanto, natural. No entanto, a maneira de reagir frente à agressividade varia de sociedade e/ou cultura, pois cada uma tem as suas leis, valores, crenças, etc... Alguns comportamentos agressivos são tolerados, outros são proibidos.

O Ocidente, bastante competitivo, a agressividade é aceite e estimulada quando equivalente a iniciativa, ambição, decisão ou coragem, no entanto é impedida, reprimida e até mesmo punida quando identificada como atitudes de hostilidade, ou de sentimentos de cólera.

Ser agressivo seria qualquer acção que pretende danificar algo ou alguém. Geralmente, estes atos agressivos não são verdadeiras expressões de raiva, mas sim desvios de outros sentimentos (mágoa, insegurança, etc.) que devido ao facto de não se não saber como lidar com eles, acabam sendo expressos através de atos agressivos.

Depois de todo este texto, deste trabalho psicológico que foi colocar no "papel" em linguagem clara e simples, qual o papel da agressividade no mundo e na personalidade individual de um indivíduo, eu pergunto-me (já que estou numa fase de perguntas): Sou agressiva??

Para alguns sou, sim, agressiva, e por vezes má, digo coisas que magoam e faço coisas sem o quê nem porquê que acabam de alguma forma causando dor; para outras a minha aparência exterior é agressiva e passo uma ideia de "menina-rebelde", simplesmente por tentar fugir dos padrões sociais impostos por esta sociedade moralmente hipócrita, por pintar o cabelo de azul, por usar um figurino algo "arrapazado" e dando um ar meio de desleixo, uma tentativa de ser "yo"; para outras sou um doce, um amor de pessoa que passa, sim, uma ideia de agressividade devido á "personalidade forte e marcante". (valeu Lukas!!)

E agora eu me pergunto: será que eu "mudo" de personalidade conforme as situações e pessoas?? Isto acaba dando crédito a Stuart Hall que diz que o sujeito pós-moderno é composto por várias personalidades/identidades, que o leva a ter maior facilidade em adaptar-se a diferentes situações, identidades essas por vezes mal-resolvidas ou contraditórias... Isso mais não é do que dizer que sou pós-pós-pós-moderna!!! Mas será que isso me ajuda em alguma coisa?? -Eis a questão!-

Em cima do Muro III

Sabe a ideia que um ser humano tem de que tudo lhe corre bem, que "tudo" o que faz ou vem fazendo é socialmente correto?? Que não existe motivos nenhuns para que lhe seja apontado o dedo?? E, então, é aí que as pessoas mais importantes se afastam, pelo "simples e leve" motivo de não as termos valorizado no tempo certo, na hora certa... E aí a amizade é "colocada á prova", e você pensa: "Onde foi que eu errei?" ou "O que foi que eu fiz de errado?".
Aí você faz um "reloaded" do que até então você tem vindo a fazer e vê que realmente falhou e que caso não se apresse, você se fode!!! Peço perdão pela expressão mas é verdade, você pura e simplesmente perde/perdeu a oportunidade de fazer algo certo... o pior é quando não se sabe o que fazer ou como fazer... aí fodeu geral!!!!!

Aí vem a velha questão do "em cima do muro", neste caso você já ficou tanto tempo em cima do muro que é, finalmente, a hora de pensar, de fazer escolhas, de valorizar o que antes não se mostrava... mas bate aquela incerteza de não saber o que fazer, nem por onde começar.
"Em cima do muro" é, sem dúvida uma posição CONFORTÁVEL, confortável p'ra carralho!!!! Para além do poder de dupla visibilidade, você pode simplesmente deixar a vida te levar. Lembrando agora do trecho de uma música, penso que MPB:
"deixa a vida me levar
vida leva eu"
Mas a vida pede decisões, pede escolhas a tempo e horas certas...

Readers