17 junho 2008

Em cima do muro II

O meio, matrix, muro, enfim... Todos esses conceitos são formas de se dizer que esse ponto, onde poucas pessoas realmente pisam é a plenitude da situação. Não ter resposta não é fraqueza, mas sim, muitas vezes, é admitir uma situação e não sentir-se cobrado em resolvê-la, por que problemas, nem sempre tem de ser resolvidos. Pelo contrário, admiro os que simplesmente os ignoram e se voltam às coisas mais úteis. Há sempre um desdobramento cósmico que, no mínimo, resolve tudo.

Não vou longe, Eric Hobsbaw (dispensa apresentações), autor do livro "A era dos extremos", livro conceituado, principalmente entre os historiadores. Por isso invoco: historiadores, vocês se lembram do que Eric narra em seu livro? Através dos extremos, quantas catástrofes fomos submetidos na modernidade. Ou será que pensar o "meio termo" é estar sempre na esfera egoísta do homem? As instituições sociais são quem mais deixam latentes os anseios humanos. Comunismo contra capitalismo, branco contra negros, pobres e ricos e eu diria que hoje: vencedores e perdedores. Reparem que a imagem do perdedor agrega a falta de "personalidade". Quem é perdedor no mundo moderno?

O fruto dessa vontade de personalidade é a individualização do ser humano. Somos mais nós por que temos que ser mais personalistas. O mundo cobra rapidez, resposta e certeza. Pois vamos cobrar incertezas, é assim que nasce a arte, das incertezas que provocam insegurança, a tristeza do homem que tenta não estar à margem é o alimento da arte: maior patrimônio humano.

Saúde mental? A insanidade é sim a proclamação do estado saudável, puro. O homem "in natura" como dizia Niesztche. O meio, talvez pelo perigo, seja apenas para os corajosos. Uma característica estranhamente elogiada nos conceitos modernos. Precisamos realmente ser corajosos? Qual o mal do medo?
Estar no meio exige interação sim, direta com as várias polarizações, senão não se estaria no medo. Vamos lembrar que o homem nunca está neutro, mesmo neutro, ele está em uma esfera, que é a neutralidade, completamente legítima, mas impossível. Assim como a objetividade, característica impossível nas esferas sociais lembremos os estudos em comunicação, objetividade é o que? Um mito.

Estar em cima do muro é cômodo, uma busca do ser humano é a comodidade, ta na cara e ele não vê. É preciso deixar claro também, que estar em cima do muro, não deixar de tomar decisões para sempre, mas sim, saber entender seu tempo para as resoluções e não o tempo das pessoas. Trabalhamos em tempos diferentes, espaços diferentes, não podemos adaptar-nos aos outros.

Houve no texto uma citação ao herói. Juro que li. Vamos contextualizar que tipos de heróis são esses? Vivemos num mundo mediado por imagens, por espetáculos (ler: A sociedade do espetáculo. 1968 Guy Debord) o herói, no conceito hoje, é a imagem que vincula as qualidades modernas: Objetividade (?), pragmatismo... Enfim, qualidades técnicas engessadas do ser humano. Acho que as pessoas estão confundindo a resistência com o heroísmo, hoje, meu bem, são características diferentes.

by Alexandre Greco, from http://dzarme.blogspot.com/

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