18 junho 2008

Viagem

Em algum momento da vida de um ser humano é, realmente, preferível ficar "em cima do muro", num estado momentâneo de indecisão ou, simplesmente vontade de deixar as coisas como estão.

Mas será preferível ficar na indecisão, volta e meia depois pensar no assunto e ficar na dúvida ou será melhor tomar uma decisão, por pior que seja, e ter o alívio de pensar: "menos um!"? O pior mesmo é pensar e saber que mesmo depois de uma decisão tomada, outras virão, numa sequência louca, aludindo á "rapidade e velocidez" (salvé, meu pai!!) típica do ser humano em arranjar problemas. Capacidade, muitas vezes, incómoda e cansativa.

Nas chamadas "instituições sociais" surgem também os "não-alinhados", ou melhor, os "amurados". Aqueles que não são nem uma coisa nem outra, capazes de "virar a casaca" conforme as necessidades e/ou vitórias. A esses nada lhes é cobrado e muito menos dado.

E assim anda o mundo numa resignação louca, aliás, designado a viver no meio da resignação. Comodidade.

Contestando e opinando por tudo, e no entanto, nunca abrindo mão desse muro, ou melhor, nunca levantando o traseiro desse muro que a cada dia se torna maior e mais cômodo. Esse muro "maldito" onde os pés se encontram separados, cada um pró seu lado, raramente se encontrando, e nesses raros momentos jamais por muito tempo. E a culpa é de quem? Desse indecisão tola que atraca num porto (in)seguro, chamada consciência.

E agora, depois de tanto discorrer por vielas escuras e tortuosas de um pensamento iniciado numa "banal" conversa de msn, eu também me pergunto: porque não ser indeciso? porque não, ter medo de tomar decisões?
E sou eu a responder de forma pessoal, personalista e individualista: NÃO SEI. Eu não sei tomar decisões. Detesto ser pressionada, aprisionada ao querer ou não querer, poder ou não poder, sentir ou não sentir, aprisionada ao eterno devo ou não devo.

E, invariávelmente, acabo por concordar com o meu mais recente maninho: para quê ou porquê ter resposta para tudo?

Viver num mundo rodeado de ceertezas ou de teorias adaptadas é uma grande chatice!!!

Regras, ordens, vozes de comando, imposições nas tomadas de decisões. Sentido de rectidão. Moralidade ridícula.

Porque não ser livre? Porque não tomar decisões quando nos apetece? Porque não cada um andar no tempo á sua maneira, ditando as suas próprias regras (se é que as existem!)? Longe de chatices, imposições, tempo pré-determinado e todas essas "balelas" que acabam sempre por controlar a vida humana.

E é nisso que dá, escrever ás 02:00 da manhã, discorremos sobre pensamentos, viramos á direita numa esquina esquecida no tempo, perdêmo-nos numa viela escura da memória e desembocamos num cruzamento sem sinalização alguma. No entanto é bem no meio desse cruzamento que se encontra um barzinho, simpático, verdade seja dita, onde reina o cheirinho a café-canela e a cigarros; barzinho esse onde os imperadores são simples estudantes (comunicação social), que qualquer assunto, por mais nulo que pareça, é mais um motivo para debate, troca de ideias. Onde cada um dá de si o que puder, o que quizer ou se quizer. Nada lhes é cobrado.

Muitos desses imperadores há muito que escolheram o seu lado do muro, outros ainda estão em cima do muro numa vã tentativa de saltar para o lado que lhes convém; e existem outros ainda que estão simplesmente sentados. Neutros. Não-alinhados. Indecisos? Não diria tanto, diria antes em "compasso de espera", saboreando cada momento dessa agri-doce indecisão. Vivendo no mínino três realidades: as duas dos lados opostos do muro, e que vêm presenciando dia após dia e a de neutralidade própria. Saboreando a ordem do caos que tanto os intriga e atrai.

Resumindo e concluindo: sou mais uma "amurada" desta vida e deste mundo selvagem de certezas. Nessa selva humana em que tudo tem que ser devidamente "etiquetado" e colocado em "stock".

E sabem que mais: que reine a desordem!!!

E germinou assim mais uma semente anarquista!

(Parabéns maninho, a subtileza do teu texto derrubou minhas crenças pré-concebidas e/ou adoptadas precocemente pela "moralidade mundial")

1 comentário:

Alexandre Grecco disse...

Quero ler mais moça...
textos textos textos...

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